terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Post nº 55

SALADINO  -  O  MAIS  CAVALHEIRESCO   PRÍNCIPE  GUERREIRO  DA
 IDADE  MÉDIA
            
O sultão Saladino à frente das suas tropas - Cena do filme "Kingdom of Heaven"  (Cruzada)



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Salah Al Dihn (Saladino) nasceu no Kurdistão na primeira metade do século XII e ainda jovem foi servir como soldado na corte do Sultão de Damasco, Nurah Al Dihn (Nuraldin), onde o seu pai Ayub ocupava alta posição. Graças ao prestígio da sua família, logo chegou ao oficialato e seus talentos políticos e guerreiros o tornaram popular general em pouco tempo. Ao contrário do mundo cristão ocidental, onde o Papa centralizava o poder espiritual e o Sagrado Imperador Romano exercia a primazia política, o mundo muçulmano era fragmentado em vários Califados e Sultanatos. Os principais Califas, supremas autoridades religiosas, eram os de Córdoba na Espanha, Cairo no Egito, e Bagdá no então território do Império Persa. Por sua vez, os principais sultanatos eram os da Espanha, Pérsia e Síria. Dos três grandes, este era o mais fraco, porque meio século antes perdera para os cristãos católicos da I Cruzada a importante província da Palestina, onde estava situada Jerusalém, uma das mais sagradas cidades do Islã.

Após um dos piores massacres de muçulmanos, judeus e cristãos ortodoxos da história, os cruzados a fizeram capital do seu reino na Terra Santa e, para suprema humilhação do Islã e das outras religiões, não só proibiram os seus cultos, mas também transformaram a igreja ortodoxa-grega do Santo Sepulcro em igreja católica-romana e profanaram a majestosa mesquita de Al Akhsa (Mesquita da Rocha), erguida onde se supunha ter Maomé subido ao Céu, fazendo dela igualmente templo católico-romano. Porém isto até que foi bom, pois preservou o magnífico edifício, já que o primeiro impulso dos cruzados fora destruí-lo.

A chegada dos cruzados a Jerusalém em 1099 resultou em terrível banho
de sangue. Quadro de Francesco Hayez (séc. XIX)

O lamentável fato era um espinho atravessado na garganta dos muçulmanos e uma afronta direta ao sultanato de Damasco, que perdera Jerusalém por incompetência e não conseguira reconquistá-la. Com o passar do tempo, a Palestina se tornara um poderoso reino cristão ligado à Igreja Católica Romana (a Igreja Ortodoxa Grega, com sede em Constantinopla, não apoiou as Cruzadas) e agora ia muito além dos seus antigos limites, abarcando vastos territórios dos atuais Líbano e Síria, onde os cruzados ergueram majestosas fortalezas.

Nos anos 1130 e início dos anos 1140, os muçulmanos desfecharam grandes ofensivas contra os conquistadores cristãos católicos e obtiveram significativas vitórias, chegando a ameaçar o Reino de Jerusalém, mas foram contidos pela II Cruzada pregada por São Bernardo de Claraval e comandada pelo rei Luis VII de França. Este, acompanhado da mulher Eleanor da Aquitânia, fez brilhante campanha até ser derrotado pelo sultão Nuraldin em 1149 e ver-se obrigado a regressar a França, encerrando assim a II Cruzada.

Louis VII e Eleanor D'Aquitaine são recebidos em Antióquia pelo conde Raymond de Poitiers
na II Cruzada. Tela de Jeam Colombe e Sebastien Mermerot (séc. XIV) 

Mas, bem vistas as coisas, a II Cruzada não foi um total fracasso apesar da sua derrota no campo de batalha, pois as grandes perdas infligidas aos muçulmanos os enfraqueceu, obrigando-os a encerrarem a vigorosa campanha desfechada alguns anos antes por Nuraldin visando a reconquista de Jerusalém. Em consequência das vultosas perdas, a cidade sagrada ficaria em mãos ocidentais ainda por várias décadas, até que Saladino finalmente a retomasse. Enquanto isso não ocorresse, o sultanato de Damasco, presuntivo senhor da região, gozaria de pouco prestígio e enfrentaria sérios conflitos internos, sobretudo no Egito, pois o novo Califa do Cairo ansiava por criar um Sultanato que lhe seguisse às ordens em seu país, sem qualquer ligação com a desmoralizada Damasco. Uma grande rebelião fora duramente reprimida e só o terror mantinha o Egito submisso à autoridade do odiado emir que governava a província.

A conquista de Jerusalém pelos cruzados em 1099 desmoralizara e enfraquecera o
sultanato de Damasco. Quadro de Claude Jacquand (séc. XIX)
         
Ciente de que a qualquer momento poderia explodir nova rebelião, o sultão resolveu substituí-lo por um outro mais hábil que pudesse relacionar-se bem com o Califa e apaziguar os ânimos exaltados. A escolha recaiu em Saladino e ele não decepcionou: em pouco tempo tornou-se amigo do Califa e querido do povo, a ponto de começarem a falar dele como novo sultão do Egito. Isto enfureceu Damasco, que tentou removê-lo chamando-o de volta para “consultas”, mas na verdade para assassiná-lo. A essa altura ele já tinha bom serviço de informações que o punha a par de tudo e esquivou-se habilmente, inventando “problemas” que o impediam de viajar. Ao mesmo tempo mandava relatórios acompanhados de valiosos presentes, ótimos tributos e ardentes juras de lealdade.

Bom administrador, Saladino incentivava o comércio, mas cruzados salteadores, como o barão Reynaud de
Chatillon, roubavam e matavam os mercadores. Quadro de David Roberts (séc. XIX)

Quando o velho sultão finalmente morreu, Saladino proclamou-se seu sucessor e tomou o poder, não sem antes enfrentar árduas lutas, traiçoeiras conspirações e tentativas de assassinato. Após reorganizar o exército, a administração e as finanças do vasto, porém anarquizado e enfraquecido sultanato, ele sentiu-se firme no trono e partiu para implementar o seu grande projeto: a reconquista de Jerusalém!

O rei da Palestina era Balduíno IV, um homem decente cercado de barões cruéis e gananciosos que se preocupavam pouco com religião e muito com saques e exploração dos seus feudos. A rivalidade imperava e a desunião, que antes de Saladino era o ponto fraco dos muçulmanos, tornara-se o ponto fraco dos cruzados. Quando ele deu início à guerra de reconquista, Balduíno tentou negociar, mas a arrogância dos seus barões e dos cavaleiros das ordens religiosas combatentes, especialmente dos Templários, espinha dorsal do exército cruzado, foi mais forte e o obrigou à guerra. Com grande competência,  Balduíno mobilizou poderosas tropas e esmagou Saladino em 1177 na grande batalha de Montgisard.

O rei Balduíno de Jerusalém derrota o sultão Saladino de Damasco na grande batalha
de Montgisard (1177). Tela de Charles Phillipe Arivière (séc. XIX)

O exército de Saladino praticamente se desintegrou e ele voltou humilhado a Damasco para recomeçar do princípio. Aproveitando-se da desunião entre os adversários, pôs ordem em seus Estados, restaurou suas finanças, e só retomou a ofensiva após promover profunda reorganização do seu exército. Ao contrário da precipitação com que agira antes, muniu-se de paciência e, metodicamente, cuidou primeiro de eliminar todos os enclaves inimigos na Síria, para só retomar a ofensiva após ter a retaguarda segura e contar com todos os recursos necessários à grande empreitada.

Um a um eliminou os enclaves menores e, finalmente, atacou o grande castelo cruzado de Bahit Al Ahzan (Jacob's Ford Castle) em território hoje pertencente à Jordânia. A enorme fortaleza, considerada inexpugnável e situada numa posição de extraordinária importância estratégica próxima a Damasco, ficava numa íngreme elevação às margens do riacho Jacob e era defendida por aguerrida guarnição de oitocentos Cavaleiros Templários, mas Saladino a atacou  com inexcedível bravura e a tomou em 1179, antes que o exército mandado em seu socorro por Balduíno IV chegasse. A guerra movida pelos cruzados desconhecia a palavra "piedade", e Saladino decapitou todos os prisioneiros em represália aos inúmeros massacres de muçulmanos por eles feitos até então.

Os cruzados agiam com extremo fanatismo e crueldade, fazendo Saladino pagar-lhes na mesma moeda

A crueldade era uma constante de lado a lado e a confusão reinava entre os cruzados, pois quem mandava por trás do trono de Jerusalém era a princesa Sibila, irmã do rei enfermo e casada com o barão Guy de Luisignan, de quem vivia praticamente separada. A alta nobreza do reino de Jerusalém era toda francesa, ou de origem francesa, de sorte que a cultura, o direito e os costumes nele imperantes eram idênticos aos da França, nada tendo a ver com os seus correlatos da Ásia Menor, mesmo aqueles dos cristãos nativos. Estes pertenciam à Igreja Ortodoxa Grega e recusavam a autoridade do Papa, líder espiritual dos católicos, sendo por estes vistos como inimigos tão ou mais perigosos que os muçulmanos. Por isso os Cruzados, soldados do Papa, jogavam sobre os cristãos nativos a pecha de "heréticos" e os perseguiam duramente.

Na primeira cruzada houve horrível massacre de muçulmanos e judeus no monte do Templo onde eles tinham
se refugiado, gerando enorme ódio aos cruzados. Quadro de Francesco Hayez (séc. XIX)

O resultado dessa política fanática e intolerante era o enorme isolamento do Reino de Jerusalém, fruto exótico que sobrevivia em terra estranha devido tão somente à desunião dos muçulmanos e ao constante influxo de guerreiros, sacerdotes e aventureiros que chegavam todos os dias da Europa católica. Sem contar sequer com o apoio dos cristãos ortodoxos nativos, a corte de Balduíno e Sibila nada mais era que uma típica corte francesa, com todas as suas intrigas, torpezas e costumes dissolutos, perfeitamente naturais para os cristãos católicos, mas absolutamente escandalosos para os cristãos ortodoxos e a população local, os quais consideravam os "francos", como eram chamados os cruzados, a personificação da mais "diabólica indecência". Fato é que, para o bem ou para o mal nesse ambiente moralmente relaxado, Sibila exercia com mestria o seu papel de mulher poderosa e mantinha sob seu controle político os brutais nobres francos tanto quanto lhe era possível.

Sibila era prima de Ricardo Coração de Leão e governava Jerusalém por trás
do trono do seu irmão enfermo. Cena do filme "Kingdom of Heaven"

Apesar de hábil, valente e astuta, ela não tinha como se impor militarmente aos barões e aos cavaleiros das ordens guerreiras, seja porque não tinha competência militar, seja porque homens brutais não obedeceriam ao comando de uma mulher. Assim, contentava-se em exercer o poder político, flertando hora com um, hora com outro, para grande frustração do seu marido Guy de Lusignan, bravo guerreiro, mas pouco inteligente e de escassos méritos, que fazia de tudo para manter seu casamento de conveniência.

Enquanto isso, Saladino retomava a ofensiva e aos poucos ia conquistando um a um os castelos cruzados na Síria, buscando limpar o terreno em suas vizinhanças e garantir a sua retaguarda até sentir-se bastante forte para lançar-se sobre Jerusalém. Antes que estivesse completamente preparado, contentar-se-ia em manter o adversário em xeque e vigiaria todos os seus passos.

Os espiões de Saladino vigiaram cada passo dos cruzados até os seus exércitos se
lançarem à batalha final. Gravura de Gustavo Doré (séc. XIX)
         
Tudo indicava que Saladino reconquistaria Jerusalém em breve, mas a discórdia irrompera também no seu lado e ele teve de suspender as operações militares para cuidar dos graves problemas internos. Devido à sua continuada ausência da Corte por conta da guerra, a intriga e a corrupção lavravam e o povo, asfixiado pelos altos impostos e constante recrutamento de tropas, dava ouvidos a aventureiros que buscavam mais as benesses do poder do que as agruras das "guerras santas". As sérias dificuldades de ambos os lados causaram um armistício não declarado, durante o qual Saladino e Balduíno negociaram bastante. Sentindo o pouco entusiasmo do povo pela “jihad”, o sultão decidiu contentar-se em obter do rei o livre trânsito dos seguidores de todas as religiões e o livre culto delas na Palestina, mas para isso era essencial que a Mesquita da Rocha fosse devolvida aos muçulmanos, a igreja do Santo Sepulcro aos cristãos ortodoxos, e o muro das lamentações aos judeus.

Com isso não concordou o fanático clero católico, e as negociações foram suspensas quando o sórdido barão Reynaud de Chatillon saqueou e massacrou várias caravanas de pacíficos mercadores, forçando Balduíno a por Reynaud fora da lei e decretar sua prisão, ao mesmo tempo em que pedia perdão a Saladino pela atrocidade do seu súdito infame. Este se refugiou em um castelo dos Cavaleiros Templários e Saladino o atacou em vão, pois não havia como superar as suas poderosas defesas com as poucas tropas de que dispunha na ocasião. Ainda às voltas com graves problemas internos, decidiu levantar o inútil cerco e ficar quieto após aceitar as desculpas do rei. A vingança ficaria para mais tarde.

Em julho de 1187 Saladino esmagaria os cruzados na decisiva batalha de Hattin
e conquistaria Jerusalém. Gravura de Gustave Doré (séc. XIX)
          
Em 1185 o decente Balduíno morreu e o seu sobrinho de apenas oito anos o sucedeu, mas viveu pouco e Sibila se fez coroar raínha de Jerusalém. Todavia os barões não queriam ser governados pelo medíocre Guy de Lusignan e a anarquia imperou, até que Sibila finalmente conseguiu convencer os barões a aceitarem o seu marido como rei. Isto fez com que Saladino tentasse recomeçar as negociações, pois achava que o novo rei, por ser guerreiro experimentado, teria mais condições de superar os entraves postos pelo clero católico. Mas enganou-se. Guy era da mesma laia de Reynaud e queria reconquistar o que Balduíno perdera. Sabendo das dificuldades do seu oponente, decidiu recomeçar a guerra e travaram-se combates mortíferos com vitórias e derrotas para ambos os lados.

Os famosos cavaleiros mamluks do Egito eram o batalhão de choque do exército
de Saladino. Gravura de Felicien de Myrbach-Rheinfeld (1806)

Mas agora os líderes muçulmanos estavam unidos, e em 4 de julho de 1187 Saladino venceu a decisiva batalha de Hattin, aprisionando e executando pessoalmente o sórdido barão Reynaud de Chatillon pelas inúmeras torpezas cometidas contra muçulmanos civis desarmados. Mas poupou a vida do rei Guy de Lusignan, mantendo-o prisioneiro para futuras negociações. A indignação dos vencedores com os ultrajes praticados pelos cruzados durante décadas chegara ao máximo e prevaleceu o sentimento pouco nobre da vingança. A enorme cruz levada por eles à frente do seu exército foi queimada, e os cruéis cavaleiros das Ordens religiosas militares, principais responsáveis pelas matanças e profanações, foram decapitados perante o sultão vitorioso, tal como ocorrera em Bahit Al Azhan.

Saladino decapitou pessoalmente o sórdido barão Reynaud de Chatillon. Iluminura medieval (séc. XIV)

Apesar das perdas sofridas, ele decidiu reconquistar de vez Jerusalém, cuja defesa fora assumida pelo barão Balian D’Ibelin, um dos poucos generais cruzados que lograra escapar da matança em Hattin. Quase sem tropas, o valoroso Balian mobilizou todos os católicos válidos e opôs valente resistência aos atacantes, mas, vendo que prolongar a batalha seria mero desperdício de vidas, mandou emissários a Saladino pedindo-lhe salvo conduto para retirar-se com os que quisessem acompanhá-lo. Caso não fosse atendido mataria os muçulmanos que ainda viviam na cidade, apesar de proibidos de praticarem a sua religião, e destruiria a Mesquita da Rocha, mas se o sultão concordasse ele deporia as armas e lhe entregaria a salvo a cidade, os lugares santos e a população civil.

A religião islâmica proíbe escultura de pessoas e animais, mas abriu
exceção para a bela estátua equestre de Saladino em Damasco
         
Balian era importante aristocrata que quando jovem fora pretendente de Sibila e prisioneiro de Saladino. Solto mediante resgate, como era de hábito entre os nobres, durante anos tivera papel de relevo na política da Palestina e lutara bravamente na malfadada batalha de Hattin. Fora um dos poucos altos cavaleiros sobreviventes que conseguira voltar a Jerusalém e por isso a rainha, sua antiga pretendida, lhe entregou o comando da defesa da cidade. O sultão o conhecia bem e não tinha queixas dele, tendo admirado bastante a sua bravura na defesa sem esperanças, por isso considerou a atroz ameaça justificável diante da desesperadora situação dos sitiados e não se ofendeu. Embora tenaz e implacável, Saladino era cavalheiresco e só derramava sangue quando necessário, por isso aquiesceu à chantagem, e não só aceitou poupar as vidas dos sacerdotes e guerreiros católicos como lhes permitiu escolher entre continuar vivendo na cidade como servos ou irem até o porto mais próximo e embarcarem para onde quisessem. Todavia fixou pesados resgates para os católicos ricos, mas isentou os católicos pobres.

Belian sagrou cavaleiros todos os católicos válidos e resistiu. Só entregou Jerusalém ao ver que a luta
era inútil e obteve de Saladino generosos termos de rendição - Cena do filme "Cruzada" 

Porém, ao contrário do que se pensa, não foram todos os cristãos que escolheram retirar-se de Jerusalém, pois os cristãos ortodoxos, que não reconheciam a autoridade da Igreja de Roma e por esta eram considerados "heréticos", haviam sofrido horrores durante o domínio dos católicos, e preferiram ficar na cidade sob o governo mais tolerante dos muçulmanos, com os quais tinham convivido, sem maiores queixas, durante séculos antes da chegada dos ferozes exércitos cruzados.

Saladino garantiu aos católicos saírem incólumes de Jerusalém. Gravura
de Alpnhonse-Marie-Adolphe de Neuville (séc. XIX)

Demonstrando a grandeza do seu caráter, Saladino deu aos católicos que se retiravam um batalhão para escoltá-los até o porto mais próximo, protegendo-os da fúria das massas islâmicas, judaicas e cristãs ortodoxas, ansiosas por vingarem-se das muitas décadas de tirania e humilhação. Após a procissão liderada por Balian e Sibila desfilar diante do seu trono armado sob uma tenda em lugar elevado e distanciar-se no horizonte, ele entrou em Jerusalém no dia 2 de outubro de 1187 sob enorme ovação do povo e do exército. Saladino atingira o objetivo da sua vida e chegara ao apogeu da sua carreira, mas um novo capítulo de memoráveis batalhas ainda o esperava.

Ricardo Coração de Leão em breve desembarcaria na Terra Santa à frente dos exércitos da III Cruzada!