Post nº 01
O PORQUÊ DESTE BLOG
A lenda de Uther, o Senhor dos Dragões, nasceu na Britannia do século V e o livro oferece ao leitor uma origem bastante plausível e lógica |
História e literatura sempre foram meus hobbies favoritos desde a juventude, mas foi depois da aposentadoria que passei a tê-las como ocupação principal, aproveitando minhas longas viagens para fazer acuradas pesquisas em bibliotecas, museus e lugares onde ocorreram importantes fatos históricos. Todavia, apesar de gostar de história quaisquer que fossem as épocas abordadas, os meus enfoques maiores eram a Idade Clássica e a Idade Média, especialmente o período do Império Romano, preferências que persistem até hoje. Embora escrevesse e publicasse muitos ensaios sobre assuntos da minha profissão e a ela correlatos, jamais me ocorrera antes escrever história ou literatura, até porque não tinha tempo suficiente, mas com a aposentadoria o problema do tempo desapareceu e escrevi dois romances históricos, gênero que, tolerando misturar realidade com ficção, permitiu-me servir às minhas duas antigas paixões ao mesmo tempo.
Os romances intitulam-se O SENHOR DOS DRAGÕES e MEMÓRIAS ÍNTIMAS DE FLAVIUS MARCELLUS AETIUS, e se passam no Século V, período da queda do Império Romano do Ocidente e de transição da Idade Clássica para a Idade Média.
O objetivo deste blog, portanto, é conversar sobre assuntos históricos polêmicos, como nos cinco exemplos seguintes: 1) O Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda realmente existiram? 2) Merlin era um bruxo ou um famoso sacerdote e médico chamado Merlinus Ambrosius? 3) Como surgiu a lenda do Santo Graal? 4) Foram São Pedro e São Paulo, a frente de uma coorte de anjos com espadas flamejantes, que fizeram Átila desistir de destruir Roma quando do seu famoso encontro com o Papa Leão I? 5) Por que o Imperador Valentiniano III assassinou traiçoeiramente Aécio, o último grande general romano, fazendo as pessoas dizerem na época que ele agira como o louco furioso que decepa a sua mão direita com a sua mão esquerda?
Estes temas são enfocados nos referidos livros, mas espero que muitos outros sejam trazidos pelos que desejem se juntar a nossa conversa, nos divertindo e esclarecendo. Para começar, gostaria que os amigos dessem a sua opinião sobre UTHER (nome latino UTERIUS), príncipe de Cornwall cognominado por seus de "O Senhor dos Dragões". Transcrevo a seguir o perfil que lhe tracei na obra.
PERFIL DE UTHER
Ainda quando estudava com os padres em Bath, assimilara a fundo o preceito evangélico: "Sede simples como a pomba e astuto como a serpente"! Mas à medida que aprendia com a vida fez ao santo mandamento um pequeno acréscimo: "Sede simples como a pomba, astuto como a serpente e mortífero como o leão"!
Era um homem simples e cordial, jamais mostrando pompa ou orgulho e tratando a todos como seus iguais. Também era polido e atencioso, e na medida do possível ajudava os que recorriam aos seus préstimos. Arrogância era uma palavra que não existia no seu dicionário. Porém essa postura pessoal era apenas a base sólida para o exercício da sua principal qualidade: a astúcia!
Conquistava as pessoas com seus modos simples e amigáveis apenas para usá-las na consecução dos seus objetivos, mas como muitas vezes não precisava delas no presente nunca excluía a hipótese de precisar delas no futuro e mantinha a mesma postura simples e cordial em todas as ocasiões. Até porque isto lhe evitava possíveis acusações de falsidade ou hipocrisia.
Sabia distinguir amigos e inimigos não apenas pelo que diziam ou faziam, mas também por um simples gesto ou palavra e às vezes até mesmo por um olhar. Era exímio conhecedor de pessoas e excelente jogador, prevendo sempre com antecedência duas ou três jogadas à frente. Isto fazia com que ninguém o superasse em qualquer tipo de negociação e, embora nada fizesse que não fosse do seu próprio interesse, premiava os que lhe serviam com lealdade, reforçando sua reputação de homem correto e desarmando espíritos menos sutis que o seu.
Muitos anos depois, quando já éramos amigos íntimos, questionei o seu excessivo pragmatismo e ele me respondeu com toda a sinceridade do seu espírito simples: “Olhe aqui, Gildásio: você só é frade porque sua mulher morreu e você quis ganhar do céu o conforto que a terra lhe negou, por isso pare com essa tolice de dizer que existem pessoas que não agem por interesse. Até mesmo o santo só é santo porque deseja ganhar de Deus a recompensa do paraíso”!
"Ai de quem atravessasse o caminho de Uther". Desenho de Luciano Felix para a versão em quadrinhos de "O Senhor dos Dragões". |
Assim era Uther: duro, pragmático e objetivo. Porque era simples e cordial jamais usava palavras ásperas e porque era astuto jamais fazia ameaças, pois raciocinava corretamente: “Ameaças só servem para prevenir os inimigos e despertá-los da sua falsa sensação de segurança; melhor deixá-los adormecidos para mais facilmente liquidá-los no momento oportuno”!
E aí entrava a terceira virtude que ele acrescentara ao mandamento evangélico: a mortífera agilidade do leão! Ele fazia de tudo para não entrar numa briga, mas se nela entrasse o fazia de modo tão rápido e letal que destruía completamente o inimigo e os seus aliados, não sobrando ninguém para revidar. Por isso é que ao eliminar os filhos e genros de Gorlósio eliminara também seus descendentes varões.
Apesar disso ele se considerava generoso e humanitário, pois nunca matava por matar. Na verdade seu objetivo não era torturar ou matar ninguém: era apenas livrar-se de um incômodo! Uma vez ele me disse com a mais fria honestidade: “Saiba você, meu bom Gildásio, que jamais fiz o mal quando podia fazer o bem ou matei alguém que não merecesse morrer para beneficio de todos. Jamais maltratei pessoa alguma, nem mesmo meus piores inimigos, e quando fui obrigado a eliminá-los o fiz de forma rápida e quase indolor, poupando-os de sofrimentos desnecessários”!
Digam o que acham do personagem e do escritor sem constrangimentos, pois toda crítica construtiva é bem-vinda, seja ela positiva ou negativa. Espero ouvir de vocês em breve. Divirtam-se.