Post nº 39
O MISTÉRIO DO TESOURO DOS CAVALEIROS
TEMPLÁRIOS
O paradeiro do tesouro dos Cavaleiros Templários tem sido alvo de minuciosas buscas nos últimos setecentos anos, mas até hoje nada foi encontrado |
Um dos grandes mistérios da História é o do Tesouro dos Cavaleiros Templários, pois é certo que ele existia, mas não se sabe nada sobre o seu destino. As hipóteses são muitas e aqui examinaremos algumas, mas temos nossa própria teoria, a qual até agora não vimos ser apresentada por ninguém. Ao final a apresentaremos, mas antes recapitulemos os fatos.
Na madrugada da sexta-feira 13 de outubro de 1307 (a fama de dia aziago da sexta-feira 13 vem daí) o rei Felipe IV da França desfechou golpe devastador contra a poderosa Ordem dos Cavaleiros do Templo de Jerusalém que tinha a sua sede em Paris e filiais espalhadas por todo o mundo cristão. Ela fora uma estranha novidade na época da sua criação porque era uma Ordem Religiosa formada por monges que ao invés de viverem reclusos rezando nos mosteiros viviam nos campos de batalha lutando contra os muçulmanos. Geralmente eram jovens nobres fanaticamente religiosos, treinadíssimos nas artes marciais e habilíssimos cavaleiros, cujos esquadrões couraçados pesadamente armados equivaliam aos modernos batalhões blindados, capazes de destroçar exércitos inteiros. Este misto de monge fanático e guerreiro temível infundia o mais completo terror ao inimigo e fez dos Cavaleiros Templários a espinha dorsal dos exércitos cruzados.
A Ordem fora criada apenas para defender os lugares santos, mas ficara riquíssima. Gravura de Gustave Doré (séc. XIX) |
O seu objetivo fora defender o Santo Sepulcro e manter o Reino Cristão da Palestina, mas com o fim deste e a reconquista de Jerusalém pelos muçulmanos os fracassos das tentativas de retomá-la diminuíram o prestígio da Ordem, que se viu finalmente obrigada a abandonar o Oriente e mudar sua sede para a cidade de Paris. Todavia, ao longo de dois séculos de lutas, montara extraordinária estrutura logística que lhe permitira acumular enorme riqueza e experiência comercial, tornando-se a primeira empresa multinacional da História. Possuía grande esquadra e entrepostos comerciais nas cidades e portos mais importantes da Europa, não só da costa Mediterrânea, mas também da costa Atlântica, tornando-se banqueiro da Igreja e dos príncipes europeus de relevo. Isto resultou na substituição das suas antigas virtudes religiosas e militares pelos vícios da pompa e da arrogância, que sempre andam juntos com a riqueza e o poder.
Aos poucos a sua imensa popularidade foi virando intensa antipatia, criada por seus defeitos e fomentada por seus devedores, entre os quais estavam príncipes estroinas aliados a inimigos invejosos, sobretudo bispos despeitados por não terem jurisdição sobre os monges guerreiros e serem eles muito mais ricos, poderosos e prestigiados. Mas o pior de tudo era que sua riqueza provocava não só inveja, mas também boatos no meio do povo de que eles lidavam com as "ciências ocultas" e tinham aprendido a fabricar ouro com os "diabólicos" sábios do Oriente. Numa época de intenso fanatismo e enorme ignorância, isso era visto como feitiçaria e mais que suficiente para mandar qualquer cientista ou pesquisador à fogueira.
Em 1307 a tensão entre a riquíssima Ordem Templária e o poderoso Rei da França chegou ao máximo e uma surda luta diplomática travou-se entre os dois junto ao Papa, único que sobre ela tinha jurisdição e a quem devia obediência. Felipe advogava a sua extinção sob o argumento de ser ela inútil e um insulto à autoridade dos Reis em cujos domínios operava, mas o Grão-Mestre Jacques de Molay defendia-se alegando ser ela útil à Igreja por ser o “Tesoureiro e o Exército do Papa”. A luta era tão secreta que dela ninguém, do mais humilde plebeu ao mais poderoso nobre, tinha a menor suspeita e só quem dela sabia eram os mais altos círculos da Igreja, do Reino e da Ordem. Impaciente com a demora do Papa, Felipe decidiu enfrentá-lo e destruir a Ordem com um golpe militar devastador, planejado em absoluto segredo e desfechado de surpresa, deixando a todos inertes e estupefatos.
Aos poucos a sua imensa popularidade foi virando intensa antipatia, criada por seus defeitos e fomentada por seus devedores, entre os quais estavam príncipes estroinas aliados a inimigos invejosos, sobretudo bispos despeitados por não terem jurisdição sobre os monges guerreiros e serem eles muito mais ricos, poderosos e prestigiados. Mas o pior de tudo era que sua riqueza provocava não só inveja, mas também boatos no meio do povo de que eles lidavam com as "ciências ocultas" e tinham aprendido a fabricar ouro com os "diabólicos" sábios do Oriente. Numa época de intenso fanatismo e enorme ignorância, isso era visto como feitiçaria e mais que suficiente para mandar qualquer cientista ou pesquisador à fogueira.
Achava-se que os templários tinham aprendido a ciência da Alquimia no Oriente e fabricavam ouro em seus mosteiros. Tela de Joseph Wright (séc. XVIII) |
Em 1307 a tensão entre a riquíssima Ordem Templária e o poderoso Rei da França chegou ao máximo e uma surda luta diplomática travou-se entre os dois junto ao Papa, único que sobre ela tinha jurisdição e a quem devia obediência. Felipe advogava a sua extinção sob o argumento de ser ela inútil e um insulto à autoridade dos Reis em cujos domínios operava, mas o Grão-Mestre Jacques de Molay defendia-se alegando ser ela útil à Igreja por ser o “Tesoureiro e o Exército do Papa”. A luta era tão secreta que dela ninguém, do mais humilde plebeu ao mais poderoso nobre, tinha a menor suspeita e só quem dela sabia eram os mais altos círculos da Igreja, do Reino e da Ordem. Impaciente com a demora do Papa, Felipe decidiu enfrentá-lo e destruir a Ordem com um golpe militar devastador, planejado em absoluto segredo e desfechado de surpresa, deixando a todos inertes e estupefatos.
O rei francês queria apoderar-se do imenso Tesouro da Ordem, mas ao ocupar sua sede em Paris nada encontrou |
Já relatamos anteriormente o golpe contra os Templários, por isso nos ateremos apenas à questão do Tesouro Templário. Com todos os cavaleiros presos ou mortos e as suas fortalezas em poder das tropas reais, Felipe dirigiu-se ao Templo (nome como eram chamados os mosteiros da Ordem, sobretudo sua sede em Paris) e lá se apoderou de tudo que encontrou. Ninguém sabe o que foi achado porque ele e seus ministros jamais revelaram coisa alguma, mas logo surgiram boatos de que, afora registros de transações comerciais e propriedades imobiliárias, nada havia em ouro, prata, pedras preciosas ou jóias, que todos sabiam lá existir em quantidade. Isto talvez explicasse o seu tremendo mau-humor e fúria contra os Templários nos dias que se seguiram à sua arrasadora vitória, pois, ao invés de festejar com seus asseclas, se trancara com eles em intermináveis reuniões das quais sempre saía sério e aborrecido. A justificativa era que o Rei agora precisava “se explicar” ao Papa, mas isso não convenceu ninguém porque os problemas com a Igreja, que inevitavelmente se seguiriam ao golpe, já deviam ter sido prévia e cuidadosamente avaliados pelo Rei astuto e implacável. Portanto, uma pergunta formigava na cabeça de todos: onde está o Tesouro dos Templários?
Decorridos setecentos anos a pergunta continua sem resposta. Uns dizem que Felipe realmente o achou e o gastou pagando as suas dívidas, mas como tal pagamento pode ser explicado pelos imóveis confiscados a hipótese não parece válida. Ademais, não houve aumento no luxo da Corte ou no progresso do Reino, o que mostra que nenhum montante significativo lhe veio às mãos de imediato. Outros dizem que as reservas sonantes da Ordem estavam espalhadas por suas comendas em cidades portuárias do Mediterrâneo e do norte da Europa, onde suas grandes operações comerciais e financeiras eram feitas. Os cavaleiros administradores as teriam embolsado e fugido para lugares distantes onde não poderiam ser reconhecidos e lá vivido confortavelmente o resto dos seus dias. É uma boa hipótese, mas nenhum desses cavaleiros jamais foi encontrado e não há notícia de comenda templária sendo fechada à socapa e seus encarregados fugindo disfarçados no meio da noite. O que se sabe é que os fugitivos ou foram para Portugal, onde obtiveram asilo e proteção, ou se abrigaram nas Ordens dos Cavaleiros Teutônicos e dos Cavaleiros Hospitalários. Foram raros os fugitivos de cujo destino nunca se soube.
A história que virou instigante lenda é a seguinte: desconfiado da timidez do Papa Clemente V e ciente da desesperada situação financeira de Felipe, o Grão Mestre Jacques de Molay suspeitara de que o Rei poderia cometer um ato de extrema violência contra a Ordem, tal como aconteceu; por isso cuidara de remover o Tesouro para lugar seguro e o fizera pouco antes do golpe. Esta hipótese é confirmada pelo depoimento do Cavaleiro Templário Jean de Chalon do Templo de Nemours, diocese de Troyes, prestado em junho de 1308 e conservado no Vaticano. Segundo ele, três carroças cheias de palha e cobertas com toldos deixaram o Templo de Paris ao cair da noite do dia 12 de outubro de 1307, véspera do golpe, e se dirigiram ao oeste em direção ao mar a fim de serem embarcadas em uma frota templária. Diz ele que a frota recebera ordens de Jacques de Molay para ficar ancorada na foz do Rio Sena até receber o carregamento e depois partir para o estrangeiro. Declara ainda que as carroças partiram sob o comando do cavaleiro Gérard de Villiers, mas não sabia para onde a frota navegaria após receber o seu carregamento. Afirma também que as carroças nunca chegaram e os navios levantaram âncora sem a preciosa carga!
É aí que nasce a lenda. De acordo com ela as carroças já estavam na Normandia quando seus disfarçados condutores souberam do golpe e puseram em ação o “Plano B”, enveredando por estrada secundária e dirigindo-se a um abrigo seguro. Este abrigo seria o Castelo de Gisors, fortaleza dos Templários por eles mesmos construída e certamente ainda não ocupada pelas tropas reais devido à sua localização remota e pouca importância militar-comercial. Por isso ela era usada mais como retiro para cavaleiros idosos e doentes do que como quartel e base de operações. O tesouro teria sido levado para uma capela subterrânea secreta e lá permanece até hoje.
A lenda tem dado causa a inúmeras expedições arqueológicas profissionais e amadoras, escavando os mais recônditos lugares do Castelo de todas as formas possíveis e imagináveis, mas nenhuma capela subterrânea secreta foi encontrada. Há indicações de que o próprio Rei Felipe, informado na época do depoimento de Jean de Chalon, ordenara buscas no local, mas disso não há qualquer confirmação. O mais provável é que o tesouro tenha sido realmente embarcado para algum país estrangeiro e o Rei tenha se resignado ao seu fracasso, amenizando-o com as horríveis torturas e execuções que durante anos infligiu aos infelizes Cavaleiros que tiveram a desdita de caírem em suas garras. É isso que nos leva à nossa própria teoria.
Castelo de Gisors na França onde muitos acham terem os Templários escondido o tesouro em uma câmara secreta dos seus subterrâneos |
A história que virou instigante lenda é a seguinte: desconfiado da timidez do Papa Clemente V e ciente da desesperada situação financeira de Felipe, o Grão Mestre Jacques de Molay suspeitara de que o Rei poderia cometer um ato de extrema violência contra a Ordem, tal como aconteceu; por isso cuidara de remover o Tesouro para lugar seguro e o fizera pouco antes do golpe. Esta hipótese é confirmada pelo depoimento do Cavaleiro Templário Jean de Chalon do Templo de Nemours, diocese de Troyes, prestado em junho de 1308 e conservado no Vaticano. Segundo ele, três carroças cheias de palha e cobertas com toldos deixaram o Templo de Paris ao cair da noite do dia 12 de outubro de 1307, véspera do golpe, e se dirigiram ao oeste em direção ao mar a fim de serem embarcadas em uma frota templária. Diz ele que a frota recebera ordens de Jacques de Molay para ficar ancorada na foz do Rio Sena até receber o carregamento e depois partir para o estrangeiro. Declara ainda que as carroças partiram sob o comando do cavaleiro Gérard de Villiers, mas não sabia para onde a frota navegaria após receber o seu carregamento. Afirma também que as carroças nunca chegaram e os navios levantaram âncora sem a preciosa carga!
É aí que nasce a lenda. De acordo com ela as carroças já estavam na Normandia quando seus disfarçados condutores souberam do golpe e puseram em ação o “Plano B”, enveredando por estrada secundária e dirigindo-se a um abrigo seguro. Este abrigo seria o Castelo de Gisors, fortaleza dos Templários por eles mesmos construída e certamente ainda não ocupada pelas tropas reais devido à sua localização remota e pouca importância militar-comercial. Por isso ela era usada mais como retiro para cavaleiros idosos e doentes do que como quartel e base de operações. O tesouro teria sido levado para uma capela subterrânea secreta e lá permanece até hoje.
A lenda tem dado causa a inúmeras expedições arqueológicas profissionais e amadoras, escavando os mais recônditos lugares do Castelo de todas as formas possíveis e imagináveis, mas nenhuma capela subterrânea secreta foi encontrada. Há indicações de que o próprio Rei Felipe, informado na época do depoimento de Jean de Chalon, ordenara buscas no local, mas disso não há qualquer confirmação. O mais provável é que o tesouro tenha sido realmente embarcado para algum país estrangeiro e o Rei tenha se resignado ao seu fracasso, amenizando-o com as horríveis torturas e execuções que durante anos infligiu aos infelizes Cavaleiros que tiveram a desdita de caírem em suas garras. É isso que nos leva à nossa própria teoria.
Alguns acham que os Templários conheciam a sabedoria do antigo Egito e seus pergaminhos estariam em câmaras secretas como esta |
Achamos que Jacques de Molay não previra que a ousadia de Felipe chegaria ao ponto de prender, torturar e executar os cavaleiros, apoderando-se de seus quartéis e propriedades, mas previra que ele poderia forjar um incidente para ocupar o Templo de Paris e, como refinado patife que era, apoderar-se do dinheiro lá existente. Depois de lhe dar sumiço, diria ao Papa que a ocupação fora um engano, botaria a culpa em algum ministro, negaria ter se apoderado do Tesouro e seria a palavra dele contra a dos templários. Por isso De Molay, avisado de que algo grave se preparava, cuidou de mandar o Tesouro para Portugal, cujo ilustre Rei Diniz, guerreiro e poeta a quem o povo chamava Diniz o Trovador, era fiel amigo dos Templários. A cultura, integridade, sabedoria e justiça de Diniz eram conhecidas e valorizadas por todos e acreditamos que os dois tenham se acertado previamente. Diniz não decepcionou, pois protestou duramente junto ao Papa contra a vilania de Felipe e deu asilo e proteção aos cavaleiros que chegaram fugitivos ao seu reino.
Em Portugal a Ordem continuou a funcionar normalmente enquanto não extinta pelo Papa Clemente V em 1312, e permaneceu funcionando depois sob o nome de Ordem dos Cavaleiros de Cristo. Os cavaleiros de uma tornaram-se cavaleiros da outra e tudo permaneceu igual, exceto o nome. Nem mesmo a sua sede em Tomar mudou, e o seu imponente Castelo lá está até hoje como orgão público e sede simbólica da antiga Ordem.
Três circunstâncias fortalecem a tese de que o Tesouro dos Templários foi mandado para Portugal. A primeira é que na Península Ibérica estavam dois terços dos castelos europeus da Ordem, pois exceto na França a sua presença militar era inexpressiva em outros países, onde possuía apenas comendas não fortificadas. Nas ilhas britânicas a sua presença era simbólica na Irlanda e na Escócia e seu único estabelecimento de relevo na Inglaterra era a sua grande loja em Londres, dedicada mais a atividades religiosas e comerciais do que a atividades militares. Na Alemanha e na Escandinávia ela era eclipsada pela Ordem dos Cavaleiros Teutônicos. Do mesmo modo que na Inglaterra, as suas lojas no Reno e no Mar do Norte também se dedicavam principalmente à atividades religiosas e comerciais. A segunda circunstância importante é que na Península Ibérica existia o único Reino Muçulmano da Europa Ocidental, com o qual os príncipes cristãos da Península estavam sempre em guerra, fazendo com que o grosso dos efetivos combatentes da Ordem estivesse lá. A terceira e última circunstância de peso é que Portugal, proporcionalmente ao seu tamanho e população, não só possuía o maior número de Castelos Templários do continente como, ao contrário do que ocorria na França, tinha na Ordem uma poderosa aliada no fortalecimento da sua monarquia, a qual contara com a valiosa ajuda dos cavaleiros para expulsar os muçulmanos e unificar o país. Assim, a Ordem tinha no rei português dedicado amigo e aliado da mais absoluta confiança, não sendo de estranhar ela lhe confiar a guarda do seu Tesouro em momento de grande perigo e incerteza política.
Em Portugal a Ordem continuou a funcionar normalmente enquanto não extinta pelo Papa Clemente V em 1312, e permaneceu funcionando depois sob o nome de Ordem dos Cavaleiros de Cristo. Os cavaleiros de uma tornaram-se cavaleiros da outra e tudo permaneceu igual, exceto o nome. Nem mesmo a sua sede em Tomar mudou, e o seu imponente Castelo lá está até hoje como orgão público e sede simbólica da antiga Ordem.
Se o tesouro existe, é mais provável estar escondido em uma câmara secreta do castelo de Tomar em Portugal do que do castelo de Gisors na França |
Três circunstâncias fortalecem a tese de que o Tesouro dos Templários foi mandado para Portugal. A primeira é que na Península Ibérica estavam dois terços dos castelos europeus da Ordem, pois exceto na França a sua presença militar era inexpressiva em outros países, onde possuía apenas comendas não fortificadas. Nas ilhas britânicas a sua presença era simbólica na Irlanda e na Escócia e seu único estabelecimento de relevo na Inglaterra era a sua grande loja em Londres, dedicada mais a atividades religiosas e comerciais do que a atividades militares. Na Alemanha e na Escandinávia ela era eclipsada pela Ordem dos Cavaleiros Teutônicos. Do mesmo modo que na Inglaterra, as suas lojas no Reno e no Mar do Norte também se dedicavam principalmente à atividades religiosas e comerciais. A segunda circunstância importante é que na Península Ibérica existia o único Reino Muçulmano da Europa Ocidental, com o qual os príncipes cristãos da Península estavam sempre em guerra, fazendo com que o grosso dos efetivos combatentes da Ordem estivesse lá. A terceira e última circunstância de peso é que Portugal, proporcionalmente ao seu tamanho e população, não só possuía o maior número de Castelos Templários do continente como, ao contrário do que ocorria na França, tinha na Ordem uma poderosa aliada no fortalecimento da sua monarquia, a qual contara com a valiosa ajuda dos cavaleiros para expulsar os muçulmanos e unificar o país. Assim, a Ordem tinha no rei português dedicado amigo e aliado da mais absoluta confiança, não sendo de estranhar ela lhe confiar a guarda do seu Tesouro em momento de grande perigo e incerteza política.
A chegada ao porto de Lisboa de frota Templária após o golpe aumenta a suspeita de que o tesouro da Ordem foi levado para Portugal |
Foi a partir da fuga dos Templários para Portugal que a prosperidade do país começou. Em 1308, pouco depois do golpe e da chegada dos navios da frota templária a Lisboa, Diniz fundou a Universidade de Coimbra, que viria a ser uma das maiores da Europa medieval, plantou vastos pinheirais para construir navios, edificou grandes estaleiros e criou a Marinha Portuguesa, que em um século se tornaria a maior da Europa e daria início às grandes navegações que mudariam a face do mundo. Curiosamente, o autor do plano de expansão marítima de Portugal foi o príncipe Henrique, chamado “O Navegador”, que era o Chanceler de direito e Grão-Mestre de fato da Ordem dos Cavaleiros de Cristo, nome sob o qual os Templários continuaram a operar em Portugal. Portanto, a pergunta que se impõe é: sendo Portugal um pequeno e pobre país, de onde veio o dinheiro para os grandes feitos administrativos e estratégicos do ilustre Rei Diniz e seus sucessores? Acreditamos que a resposta só pode ser uma: o dinheiro veio do Tesouro que os agradecidos Cavaleiros Templários puseram à disposição do bravo e progressista monarca que tão generosamente os acolhera e protegera! Tudo o mais que hoje se fala sobre o assunto são apenas imaginosas tramas de boas novelas policiais, destinadas a atender o gosto de vasto público por histórias de aventura e mistério.
Nota: o Rei Diniz (1261-1325) foi não só o maior rei da História de Portugal como também o mais culto e progressista monarca europeu do seu tempo. Foi educado por doutores da Universidade de Paris e, além de possuir vasta erudição histórica, científica e literária, era ele próprio excelente poeta, tendo mandado publicar uma coletânea dos melhores poemas que circulavam oralmente em seu país. A coletânea ficou conhecida como Cancioneiro D'el Rey Dom Diniz e o refinado estilo de vários dos poemas indicam terem eles um mesmo autor, possivelmente o próprio rei, que por isso recebeu do seu povo o carinhoso apelido de Diniz o Trovador. Caso isto se confirme, poder-se-a dizer ter sido ele o criador do Português como língua culta independente.
Nota: o Rei Diniz (1261-1325) foi não só o maior rei da História de Portugal como também o mais culto e progressista monarca europeu do seu tempo. Foi educado por doutores da Universidade de Paris e, além de possuir vasta erudição histórica, científica e literária, era ele próprio excelente poeta, tendo mandado publicar uma coletânea dos melhores poemas que circulavam oralmente em seu país. A coletânea ficou conhecida como Cancioneiro D'el Rey Dom Diniz e o refinado estilo de vários dos poemas indicam terem eles um mesmo autor, possivelmente o próprio rei, que por isso recebeu do seu povo o carinhoso apelido de Diniz o Trovador. Caso isto se confirme, poder-se-a dizer ter sido ele o criador do Português como língua culta independente.